Sendo realizado há cinco anos em Salvador, o Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual termina sua quinta edição com sucesso, merecendo ser aplaudido de pé; não por ter sido perfeito em todos os aspectos, mas por de fato ter se tornado uma referência para a Bahia no que diz respeito a cinematografia, rompendo com a ideia de que aqui nada dá certo.
Realizado na semana de 27 de Julho a 1 de Agosto, o evento teve como objetivo a realização da Mostra Retrospectiva Godard, Mesas Redondas com a participação de realizadores e teóricos não só do Brasil, mas do mundo todo, Mostra Internacional, Mostra Competitiva de Curtas metragem, Mostra dos Curtas da Academia Europeia de Cinema e um Lounge Multimídia localizado no foyer do Teatro Castro Alves.
Sendo talvez o que mais chamou a atenção dos participantes desta edição, a Mostra Retrospectiva Godard tinha como objetivo fazer um breve passeio pela filmografia do cineasta Jean-Luc Godard, principal referência do movimento artístico Nouvelle Vague, que visava quebrar com os modelos narrativos que vinham sendo construídos até a década de 60.
Da extensa obra do autor foram passados 15 filmes (de fato um número ínfimo levando em conta toda sua filmografia), com a proposta de 12 deles serem rodados em 35mm (uma raridade e imenso privilégio para quem vive na era digital), 2 em 16mm e um em formato digital.
Infelizmente, dos 12 filmes a serem rodados em 35mm, um deles, Nouvelle Vague, de 1998, teve sua exibição interrompida faltando menos de 20 minutos para o filme terminar: a fita, muito velha, acabou partindo e deixando os espectadores curiosos e um pouco chateados com o ocorrido. Bobagem, era um filme antigo sendo rodado em 35mm, erro previsto.
Ainda na casa das falhas técnicas, um problema provavelmente parecido com o citado anteriormente ocorreu no dia da exibição de À Bout de Souffle (Acossado), primeiro longa metragem de Godard, produzido em 1959, e para muitos um dos filmes mais esperados da retrospectiva. Não sei por que, mas o filme foi rodado em formato digital, em um desses DVD's que a gente pode adquirir em qualquer livraria, sendo que a proposta era exibí-lo em 16mm. Foram ouvidas algumas vaias, gritinhos e muxoxos até o filme finalmente começar a ser exibido e o silêncio preencher a sala. Novamente tudo nos conformes, o problema desapareceu em meio as cenas protagonizadas por Jean Seberg e Jean-Paul Belmondo.
Saindo um pouco do universo Godard e partindo para as outras propostas do Seminário, chego agora nas Mesas Redondas que aconteciam na sala principal do Teatro Castro Alves. Sobre elas o que tenho a dizer é que foram todas muito bem ministradas e intermediadas. Os temas escolhidos (entre eles "O futuro do cinema" e "O oriente cinematográfico") se fizeram pertinentes e suficientemente interessantes para levantar algumas questões e aprofundar os conhecimentos sobre o cinema e tudo aquilo que a ele está ligado.
Sobre esse ponto específico me sinto quase que obrigada (por mim mesma, é verdade) a citar a brilhante participação do professor Monclar Valverde na mesa "Quando o cinema é arte". Entre outras coisas, ele discorreu sobre o papel simbólico do cinema e a importância da recepção no processo de produção - (vide aulas de Teorias da Comunicação).
Ainda sobre a realização das palestras, tenho uma última coisa a dizer, e já que comentei sobre as falhas durante a Retrospectiva Godard, não posso deixar de fora o que talvez tenha sido o problema mais chato para os participantes do Seminário: a falta de organização e fiscalização durante a passagem das listas para comprovar presença e possibilitar posterior retirada do certificado. Não havia qualquer tipo de critério (se havia não era cumprido), as pessoas passavam a lista da forma que queriam, se queriam, para quem queriam e ela rapidamente parava de circular pela sala, deixando quem ainda não havia assinado a ver navios. Resumindo: assim como o ano passado, muita gente vai ficar novamente sem o certificado.
Fora o que já foi citado, no que diz respeito a pequenas falhas técnicas, só ficou de fora o problema com os curtas da Academia Europeia, já que alguns dos filmes que estavam no guia de programação de fato não foram exibidos.
Sobre as intervenções que ocorriam no foyer do Castro Alves, a Mostra Competitiva de Curtas e a Mostra Internacional creio que não tenha ocorrido qualquer tipo de ruído relevante, pelo menos até onde sei.
Finalmente, para finalizar o texto que já se tornou por demais extenso, o V Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual não só merece o título de maior evento cinematográfico da Bahia como deveria ser considerado um dos eventos envolvendo a sétima arte mais importantes do país.
Ainda assim, mesmo tendo obtido sucesso na última edição e nas edições anteriores, o seu organizador, Walter Lima, cogitou a possibilidade de não existir uma sexta edição devido a falta de reconhecimento partindo das instituições oficiais.
Nesse caso, só nos resta torcer por uma maior sensibilização das instituições e esperar ansiosos para ver se o evento irá se realizar em 2010. Mas, de antemão, posso dizer que no dia 01 de Agosto, durante o encerramento do Seminário no Teatro Castro Alves, já ouvi falarem em sexta edição.
Isso nós veremos (ou não) no ano que vem. Por hora sejamos apenas positivos!
#DICA: quem tiver interesse deveria ver "Pierrot Le Fou". De Godard foi o meu favorito. O filme é definitivamente uma obra de arte.
*http://www.seminariodecinema.com.br/
Por Gabriella Rocha
2 comentários:
gabe miserê.
finalmente um post sério aqui!
E sua bolsa com a foto de Godard é bala!
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